Na semana passada passei pelo primeiro grande susto com o Pedro Henrique. Na terça ele acordou com febre. Não tinha nenhum outro sintoma. Apenas febre. Ao longo do dia ela foi subindo e mesmo medicado não baixava. Procurei o médico do posto de saúde do nosso convênio. Chegando lá, ele examinou, disse que não tinha nada e que era uma virose.
Primeiro momento de raiva: Deveria haver uma lei nacional que proibisse os médicos de dar esse diagnóstico para os pais. Porque se não é nada, só uma “virose”, é alguma coisa. Virose é um vírus e se é um vírus deveriam ser feito exames para diagnosticar e tratar.
Mas virose é tudo que eles não sabem o que é. Eles, médicos, que estudaram pelo menos 5 anos para curar pessoas e salvar vidas. Enfim…
O médico mandou alternar dois antitérmicos, dar banho e fazer compressas. Segui as instruções. Mas a febre do Pedro, com dois antitérmicos alternados, compressas e banho só subiu mais. Fui para a emergência do hospital.
Chegando lá, fomos atendidos por uma médica uruguaia. Como aqui faz fronteira não é difícil ter uruguaios trabalhando nos mais diversos setores. A médica examinou, examinou e viu que a garganta começou a inflamar. Mandou dar uma primeira dose do antibiótico no próprio hospital (para ver se haveria alguma reação) e disse que só sairíamos dali com ele se febre.
Primeiro tentaram via oral um terceiro antitérmico. Nada. A febre seguia subindo. Depois tentaram compressas de água e álcool. Nada a febre subia. Sentia o Pedro arder. Vi que estavam apavorados, quando depois do tempo em que o antitérmico deveria ter feito efeito e as compressas também, a febre dele bateu 40 e picos.
Partiram para o remédio injetável. Confesso que relutei. A enfermeira foi dócil porém direta comigo: não tínhamos mais tempo a perder. Ele, obviamente, chorou muito com a injeção, e depois de muito choro, se rendeu e dormiu nos braços do pai. Meia hora após o remédio ter sido aplicado, ele acordou mais disposto e sem febre.
Viemos para casa e ele passou a madrugada e o dia bem. A noite a febre voltou e esse quadro se seguiu por mais seis dias. Pedro ficou muito abatido, com muito sono e febre que subia e descia, porém não chegou a passar dos 38 mais. Se eu tivesse ido atrás da “virose”, diagnosticada pelo primeiro médico, poderia estar até agora lutando contra a febre, meu filho ter convulsionado e o quadro poderia ter se agravado.
O que me deixa mais furiosa nessa história toda é a falta de estrutura dos convênios, dos hospitais e a falta de preparo dos médicos.
O pediatra do Pedro Henrique fica numa cidade 140 km distante da cidade que moramos. Aqui existem 3 pediatras e já ouvi histórias cabeludas de cada um deles. No hospital só existe plantão de clinico geral. No posto médico do nosso convênio também. E ainda são péssimos médicos que consultam o Google por não saber o que fazer muitas vezes.
E nada muda. A saúde fica cada vez mais defasada e nós cada vez mais a mercê da sorte. Ou então das viroses.
Luísa Aranha
Jornalista
www.mamaeneura.com